domingo, 3 de fevereiro de 2008


É Carnaval. Dias voláteis. Hora de espantar os fantasmas, as raivas e deixar que nossas alegrias desfilem pela avenida. Ninguém é de ninguém. Eu não fui sua e você jamais ensaiou passos de frevo na minha passarela. Apenas se disfarçou de bom moço, quem nada quer e tudo precisa, e me deixou descompassada, na esbórnia de uma rua qualquer. Nunca quis adereços, purpurinas ou serpentinas. Somente queria a sua companhia. Como pirata, pierrot ou marinheiro só... só meu. Porém o brilho das lantejoulas cegou nosso olhar e nossos lábios se secaram à espera de um beijo tão espumoso quanto as brincadeiras de salão. E assim, nos perdemos no mar de corpos eufóricos que nos levou a outros blocos. Eu, Chiclete com Banana (mais banana que chiclete, com certeza); você Expresso 2222... ou seria o contrário? Ora, que importância faz agora, se o sem fim de cabeças em roupas diminutas com atitudes audaciosas ocupam nossos pensamentos e desejos? Ah! Desejos! Como uma bela marchinha carnavalesca que se repete a cada ano! Desejos das ausências de meu ser, onde a máxima expressão de felicidade é a alegria entre muitos. Descontração, sorrisos marotos e picardia. Desejos, também, de sambar contigo em algum beco sem-saída para, quem sabe, um dia ser a porta-bandeira de momentos inesquecíveis. Enfim, para bem ou para mal, logo vem a quarta-feira de cinzas e tudo voltará a ser o que era antes. Mas até lá, esquecerei de ti para tomar conta de mim. Afinal, é carnaval e não sei porque tantas vontades secretas afloram nessa época fugaz! Seria pela magia das plumas, confetes e paetês? Ou pela sedução dos olhares estranhos entre tantos outros na multidão?

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