Era sempre a mesma rotina ao anoitecer;
Sentava languido e sozinho a espera de um milagre, talvez. Esperando passar alguém que pudesse ser um pouco gentil, não queria muito, o mínimo apenas. Sentia fome e já não queria dinheiro só algumas migalhas do que sobrava. Ele em seu silêncio, gritava socorro! Belo protagonista de um espetáculo insano e triste. Eu era platéia e ator.. e não sabia como fugir do script que a realidade autora me impunha. Dei-lhe pão, mas a minha vontade era lhe dar autoridade para escrever sua própria história.
"Ele pedia pão.
Eu, salmão.Ele queria água.
Eu, vinho.Eu pedia amor, dinheiro, saúde, trabalho.
Ele só pedia vida."
Juliana Pestana - Mendoscopia