terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Apedrejo o espelho já que canso de mim.
Canso de minhas melosidades e besteirinhas.
Compro um abafador.
Compro o veneno diário que me faz suicida toda manhã.
Não permito mais um toque, já não me permito olhar.
Porque tenho nojo da minha decadência,
tenho pena de lutar contra gravidade que me faz sempre cair.
Então, deixo-me de lado..
Deixo-me esvair pra algum ralo.
Que os ratos tenham piedade de mim!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Outro dia, olhei atentamente para meus pais, fiquei parada observando-os e percebi duas pessoas: esse homem, essa mulher como seres humanos, como eu, com inibições, conceitos errados e certos, ternura, alegria, tristezas, lágrimas, percebi que não são perfeitos, graças à Deus, pois ao invés de me sentir desiludida ou enganada, me senti mais confortável, menos maluca, e não só isso, percebi que já não sou criança, sou uma mulher, quase adulta. Modifiquei-me em vários momentos, a cada coisa nova que aprendi. Mudei. Readaptei-me. E, uma dessas coisas que aprendi foi que jamais serei feliz se mudar só para satisfazer o egoísmo de outro. Não posso ter os seus ou os pensamentos deles, não podem me criticar por isso, não posso ver como você, ou ele vê. Agora sei que não sou, e nunca fui, rebelde, se rejeitei suas crenças, eles também rejeitaram as minhas, então quem é rebelde? Não posso moldar a mente de ninguém, como também ninguém pode dizer o que ser, mas tenho um longo caminho a seguir para ser eu. Descobri que somos todos muito parecidos uns com os outros. Todos somos meio loucos... todos se sentem só, todos querem ser aceitos por todos ou por um só. Todos não entendem em alguma parte, essa tal vida. Todos sentimos medos, mas foi aí que descobri que, às vezes, somos diferentes... nem todos enfrentam esses medos, alguns são fortes e encaram a vida de frente, outros se distraem, criticando os outros, ou vivendo por viver, ou se iludindo de algo importante que faz. E, certa vez, ouvi de alguém que somos no fundo eternas crianças, algumas aprendem a brincar direito, aprendem a se importar, contar, representar algo nesse mundo imenso e fazem a diferença, outras apenas ficam mais altas, e talvez eu esteja começando a perceber que essa observação é verdadeira. Nem sempre eu preciso acertar, só preciso sentir e acreditar.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Atordoado bati mais uma vez a porta ao sair de casa e preparei-me psicologicamente para ouvir mais uma vez o velho discurso: " Você chegou novamente atrasado, como um profissional tão gabaritado como você pode se permitir... ( BLÁBLÁBLÁS)
Mas não, aquele dia fora diferente. Cheguei ofegante após subir mais de 40 degráus, já que o elevador quebrara a 3 semanas. Esperei encontrar o escritório fervilhando, o chefe a flor-da-pele mas, deparei-me com o silêncio.
Todos os funcionários no seu devido lugar, tentei ao menos desejar-lhes " bom dia", no entanto não estavem tão receptivos.
Segui rumo a minha sala, abri a porta, porém a minha cadeira já estava ocupada. A criatura num movimento automático exclamou a frase que durante 3 anos me acompanhara:
- Olá! Posso ajudar?
Não acreditei. Procurei sobre a mesa a plaquinha com meu nome. Havia uma plaquinha mas, não a minha.
Inconformado, segui até a sala do chefe. Abri a porta. Estava vazia. Sobre a mesa um plaquinha. A minha plaquinha. O meu nome. Uma nova sala e minha promoção.