sábado, 29 de dezembro de 2007

Peço ao ano-novo
aos deuses do calendário
aos orixás das transformações:
nos livrem do infértil da ninharia
nos protejam da vaidade burrada
vaidade "minha" desumana sozinha
Nos livrem da ânsia voraz
daquilo que ao nos aumentar
nos amesquinha.
A vida não tem ensaio
mas tem novas chances
Viva a burilação eterna,
a possibilidade
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores
Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Estive pensando nas pessoas e observando um copo descartável, quando cheguei a seguinte conclusão: Pessoas são como copos descartáveis. Funcionam bem até alguém vir e pressioná-las.
Mas, tenho agora a necessidade de retificar-me :
Pessoas não são copos descartáveis.
Quer vê-las funcionando?
Pressione-as!

domingo, 23 de dezembro de 2007

Natividades

É Natal. Natal da suprema hipocrisia, dos excessos de boa aventurança, da falsidade desmedida e dos sentimentos tristes que, geralmente, afloram com mais intensidade nesta data sem sentido.Não que seja contra à festividades, encontros em familia (incluindo choro de crianças e gente falando alto ao mesmo tempo), comilanças exageradas ou ternos desejos de que tudo de bom aconteça em nossas vidas. Nada disso. Apenas me pergunto porque temos que guardar, ou melhor, aguardar um dia específico do ano, de nossas vidas, para que as expectativas típicas desta data sejam correspondidas para com aqueles quem queremos bem, para perdoar (ou pelo menos fingir) velhos rancores escondidos em nossas almas ignorantes ou simplesmente nos surpreender ao receber mimos envoltos em papel celofane vermelho com fita de cetim amarela, quer dizer, dourada, para combinar com o tal espírito natalino; sabendo que no dia seguinte, após os comer os restos da ceia, delicadamente preparada com coloridas rodelas de abacaxi e arroz com uva-passa e cenoura, tudo volta ao normal ou ao anormal, com as mesmas indiferenças diárias, com as correrias desnecessárias sem bom dias, boa tardes ou sequer "como vai"? Acaso seria mais uma vez o tal espírito natalino apenas um encantamento fugaz, ou melhor, uma fuga dos nossos fantasmas, dos nossos tormentos inúteis, de nós mesmos? Presépios, presentes, árvores atípicas deste canto do mundo enfeitadas com pedaços de vidros e neve artificial. Tão artificial como muitos de nossos desejos, de nossos sentimentos ou como os simples abraços daqueles quem mal vemos e convivemos durante o resto do ano. Pra quê?Talvez seja hora do amigo secreto sair de seu esconderijo e parar com hipocrisias banais que não levam a nada.Fogos, flashes e roupas elegantes, ou não; já passou da meia-noite, é hora de brindar e esperar. Esperar por presentes, pequenas ilusões ou apenas por um sentimento sincero que nos faça sentir melhor, nem que seja apenas por esta noite.
Feliz Natal!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Entre palavras tortas me derreto, me esqueço, me escorraço, assim exatamente.
Acho-me em metáforas, me fecho em metáforas e me perco nessa ordem.
Tateio a escuridão com os pés, busco o palpável e sinto apenas o visco de dias afiados que me cortam as mãos e sangram, um sangue lívido e gelo.
Assim sigo nem um passo á frente, nem um passo á trás.
Desfaço-me e me embaço
Assim exatamente!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Estou cansada de acordar todos os dias ouvindo o despertador tocar. Cansada de ver a lua cheia iluminando o meu quarto à noite e deitar sozinha para dormir. Cansada de não poder fazer nada além do que eu já faço. Cansada de marcar encontros comigo mesma. Cansada de me sentir um peixe beta num aquário hexagonal. Cansada dessa solidão que vira carência, que vira expectativa, que vira dependência, que vira solidão de novo. Cansada da dorzinha de cabeça que tem me acompanhado como se fosse o sexto dedo da minha mão direita. Cansada do mau humor dos outros. Cansada do meu mau humor também. Cansada de ir sempre aos mesmos lugares, fazer as mesmas coisas e me desapontar com as mesmas pessoas. Cansada de ter um porta-retrato vazio. Cansada de aparentar ser uma mulher bem resolvida. Cansada dessa solidão que às vezes vira saudade de quem nem conheço e outras vezes vira vontade de ser uma escritora suicida. Estou tão cansada, que não sei mais que dia é hoje, porque não faz diferença. Qualquer que seja o dia, o despertador vai tocar e vai recomeçar essa rotina que não tem nem sombras, porque não tem luz. Lavei com água o que estava colorido com gouache. Ficou tudo preto e branco. Mais preto do que branco. Mais triste do que feliz. Mais vontade de chorar do que de sorrir. Ficou tudo tão frágil, que não resiste nem a um peteleco.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Guh e Lêh

Que o infinito de vocês durem.
Que sejam felizes, contituam um lar, tenham dois filhos lindos, um cachorro e uma casa grande pra gente poder ir bagunçar.
Que Lella tenha paciência múltipla para aturar as palhaçadas de Guga e qe este seja compreensivo o bastante para entender os estresses de Lella.
Que vocês se amem ao quadrado da velocidade da luz. E permaneçam juntos até o dia que se permitirem.

sábado, 1 de dezembro de 2007

1º de dezembro, e já houvem-se os Dingobells por aí.

As lojas colocaram tantas luzes como enfeite para as festas, que os clientes só pudem circular entre as sessões usando óculos escuros. Um ator contratado para ser Papai Noel quis inovar e vestiu uma roupa de astronauta. O boato da greve dos panetones afetou o trânsito e a cotação da moeda.
Nas casas arrastem alguns móveis numa arrumação para o Natal mas, Papai Noel vai ter que entrar pelo buraco do ar condicionado.
Acho que Platão previu a comemoração do Natal num de seus diálogos. Infelizmente, não sabemos qual . Se você toca contrabaixo, tente executar Noite Feliz. Será Engraçado.


[ Bons leroleros natalinos para todos, eu mesma já comprei os abafadores para ouvidos.]